quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Entre partir e ficar

Poema de Octávio Paz

Entre partir e ficar hesita o dia,
enamorado de sua transparência.

A tarde circular é uma baía:
em seu quieto vai e vem e se move o mundo.

Tudo é visível e tudo é ilusório,
tudo está perto e tudo é intocável.

Os papéis, o livro, o vaso, o lápis
repousam à sombra de meus nomes.

Pulsar do tempo que em minha têmpora repete
a mesma e insistente sílaba de sangue.

A luz faz do muro indiferente
um espectral teatro de reflexos.

No centro de um olho me descubro;
não me vê, não me vejo em seu olhar.

Dissipa-se o instante. Sem mover-me,
eu permaneço e parto: sou uma pausa.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Mulheres e seu infinito particular...

"Só não se perca ao entrar no meu infinito particular" (Marisa Monte)


Muitos homens já dedicaram horas e mais horas na difícil tarefa de "entender" as mulheres. Cientistas se propuseram a mapear o código genético do gênero feminino, procurando explicações para esta ou aquela reação, para seus sentimentos.

Sem sucesso.

Por um simples motivo, a mulher é a mais genial e complexa invenção de Deus. Dotada de imensa capacidade de amar, de surpreender e de odiar, cada mulher traz dentro de si um mundo de possibilidades e de sentimentos. Dentro de cada alma feminina há o mais belo enigma indecifrável.

Na mitologia grega, dentre as várias versões para a criação da mulher, destacam-se duas. Na primeira (mais machista) Zeus teria feito a 1ª mulher, chamada Pandora, e a enviado em forma de castigo para o titã Prometeu, devido à sua enorme desobediência em roubar o fogo sagrado do Olimpo e criar o homem.

Na segunda versão, a mulher teria sido criada no céu, e cada um dos deuses contribuiu com alguma coisa para aperfeiçoa-la. Afrodite deu-lhe a beleza, Hermes a arte de persuadir e enganar, Apolo a delicadeza e o dom para as artes, etc. Assim dotada, a mulher foi mandada para a Terra e oferecida ao homem, que de boa vontade aceitou, e até hoje não vive sem.

É preciso ressaltar que Pandora, como presente dos deuses, recebeu uma caixa lacrada que vinha com uma única recomendação: Nunca deveria ser aberta. Tomada de imensa curiosidade, Pandora não resistiu e abriu a caixa para ver o que havia dentro, deixando escapar por toda parte uma multidão de pragas que atingiram o desgraçado homem, tais como as dores físicas para o corpo, e a inveja e a vingança para o espírito.

No fundo da caixa de Pandora ficara apenas a esperança, pois, sejam quais forem os males que nos ameacem, a esperança não nos deixa inteiramente e, enquanto a tivermos, nenhum mal nos torna inteiramente desgraçados.

Mais bela e complexa invenção de deus, mas infinitamente longe de ser perfeita.

De certa forma, origem de desgraça e fonte de esperança, a mulher escapa a todas as explicações racionais. Tal como o amor, não se entende, se vive, se deixa consumir. Necessita ser amada, olhada, venerada e reconhecida.

Assim é a mulher. Cuidado para não se perder ao entrar em seu infinito particular...

PS: Estou completamente perdido

Alessandro Santana

Siga-me no twitter: www.twitter.com/ale_historiador

domingo, 5 de dezembro de 2010

Amor amargurado

Havia um amor bonito, sincero e que parecia inabalável.
Havia juras de amor, ele e ela, promessas e a intenção de construir uma vida juntos.
Carinho, respeito e gentilezas também eram ingedientes em abundância
Havia um sonho.

Havia também, entretanto, pronto para chutar o castelo de areia, o ego.
Eis que, quando do primeiro grande teste, ele falou mais alto e o vento do amor deixou de soprar...
Aos poucos, as cobranças excessivas tomaram o lugar do carinho,
E o que cada um havia sido e dedicado foi posto em segundo plano
Venceu o que "deveria" ter sido feito, e a cobrança de uma perfeição impossível.
Foi o fim do sonho.

Cada um tomou seu rumo, vez por outra se trombando devido aos mesmos interesses e mesma profissão
Sempre mantendo a aparência de uma amizade, uma apenas aparente amizade.
Ficou nítido que, nessa batalha, ambos saíram feridos.

Ele e ela, seguindo suas vidas com o olhar no futuro, mas um pé no passado
Comparações são inevitáveis, afinal de contas, foram belíssimos momentos
E poucas outras parecem ser boas o bastante para preencher um vazio deixado
Estas não parecem estar disponíveis no momento...

Muito difícil se apaixonar quando se procura o amor.


Alessandro Santana

Siga-me no twitter! www.twitter.com/ale_historiador